jonasbanhosap@gmail.com (96) 8129 1837 - Macapá/AP (91) 8312 8015 - Belém/PA (61) 3208 5555 - Brasília/DF

domingo, 26 de setembro de 2010

O Círio na Comunidade Mocambo e os Mestres "des-escondidos" de Ourém do Pará



Estive mochilando pelas comunidades de Ourém (Pará) no período de 24 a 26 de setembro. Aceitei o convite do meu amigo da cultura popular e diretor da Rádio Comunitária Tembés FM, Arlindo Matos, e, da minha amiga Vanessa Silva, produtora cultural e do audiovisual no Pará, sempre acompanhada de sua amável filha Teresa, nossa mascote, que nos acompanhou durante toda a viagem em busca da Cultura Viva do interior do Brasil.

Já chegamos a Ourém no final da tarde e logo levados pelo nosso anfitrião para a Praça principal da cidade histórica com mais de 300 anos, localizada exatamente na rua que leva o nome de algum parente famoso da minha família Picanço, mas desconhecido por mim, até então. Lá nos deliciamos com um gostoso tacacá de tucupi meio adocicado, tendo ao fundo o Rio Guamá, que banha a cidade. Foi lá também que encontramos, embaixo de uma mangueira, a artesã D. Rizé, que tece, há décadas, belas almofadas, entre um papo com as amigas e uma alinhavada.

No dia seguinte, tivemos a grata satisfação de vivenciar a V Festividade do Círio de Santa Maria Mãe de Deus, na Comunidade Mocambo. Localizada na zona rural de Ourém, a Comunidade vem lutando contra fazendeiros da região pela terra herdada de seus antepassados escravos e tenta, a muito custo, ter o direito de ser reconhecida, pela burocracia governamental, como Comunidade Remanescente de Quilombo, o que sempre foi.

Numa simples e fervorosa procissão de fé, os moradores da comunidade e convidados não mediram esforços para, sob o sol quente, seguir a Santa na berlinda, carregada em um carro de boi, pelas estradas de piçarra de Ourém. Algumas senhoras foram descalças, homens a cavalo, mulheres carregavam seus filhos de bicicleta e até de motos, num claro sinal da evolução que vem ocorrendo na zona rural brasileira nos últimos anos, pelo menos em relação aos meios de transporte. Inclusive, já havia lido alguns analistas econômicos dizerem que esse fenômeno se dá em decorrência da maior facilidade do acesso ao crédito. Talvez eles estejam, enfim, certos.

Mas, também saberia depois da missa, pelas lideranças da comunidade, que o mesmo avanço não se deu na educação, na leitura, na inclusão tecnológica. A educação na comunidade ainda é precária, rudimentar: o ensino é seriado (várias séries na mesma sala e ao mesmo tempo); a Escola só tem até o ensino fundamental, depois os adolescentes têm que ir estudar na cidade de Ourém, se quiserem continuar seus estudos. Mas, por sorte, a comunidade é unida e tem consciência da importância da educação como fator de libertação e melhoria de sua qualidade de vida e conta com professores filh@s do Mocambo, como a Professora Valda, que nos contou a saga de ser educador@ na zona rural, tendo que "ser palhaço, ator, para poder dar conta do recado e assegurar um ensino melhor para as crianças e adolescentes da comunidade", dentro do contexto de exclusão em que vivem.

Ah, falando em crianças, elas deram um colorido todo especial à Festa do Círio de Santa Maria. Algumas vieram vestidas de anjinho, carregadas pelos pais em bicicletas. Outras seguiam a procissão puxando a corda da berlinda vestidas de marinheiros, carregando o sonho de, talvez, navegar além mar das águas do Rio Guamá, que banha Ourém. Foi um lindo cortejo, saudado a fogos pelos moradores em frente às suas casinhas de barro, que terminou com a missa na Igreja e um almoço comunitário, regado a maniçoba, vatapá, churrasco e risoto.

Também aproveitamos a viagem para mergulhar um pouco em busca dos griôs-mestres de Ourém. Assim, conseguimos ouvir e registrar várias "e-história" (estória + história) dos mestres da cultura popular, tod@s mantenedores da cultura do boi bumbá, como o Mestre Cardoso, Mestre Faustino, Mestre Tuiter, Mestres José Ferreira e Expedito(herdeiros do recém falecido Mestre Julião). Praticamente todos já têm suas músicas gravadas, pois Ourém teve a sorte de ter como um de seus viventes, o mago da música Fábio Cavalcante, também chamado de Fábio "Fabuloso" Cavalcante, por Hermano Vianna, do "O Globo" e do site Overmundo.

O multiinstrumentalista e apresentador do Programa Sala de Reboco na Tembés FM, prestou um grande serviço aos mestres de Ourém e à cultura popular brasileira, pois ao des-escondê-los, permitiu mostrar aos amantes de toadas as composições de nossos mestres, que já foram gravadas pela galera do Arraial do Pavulagem e do Boi Orube do bairro Satélite de Belém. E mais, Mestre Cardoso e seu grupo foram convidados para apresentar o boi bumbá no Theatro da Paz, na capital, acompanhados pela Orquestra Sinfônica, unindo o erudito com o popular, tendo sido aplaudidos de pé por duas noites inesquecíveis e marcantes para o Mestre e seus foliões. Uma maravilha de espetáculo, sem dúvida nenhuma.

E, como não poderia deixar de acontecer, fomos banhar no Rio Guamá, onde presenciamos um luar lindo nascer da pouca floresta que, ainda, tem resisitido ao ataque das seixeiras, que são as empresas que extraem de forma predatória as pedras que servirão à construção de apartamentos de luxo em Belém e também para a fabricação de componentes eletrônicos de multinacionais localizadas na Europa, nos Estados Unidos ou na China. São pedras que alimentam o sistema consumista atual, em que se troca de celular ou computador como se muda de roupa, e causam, como as pedras do crack, uma profunda e irreversível destruição ao meio ambiente (pessoas, solos, matas, rios, animais, lençol freático) de Ourém e a todo Planeta Terra, à NossaCasa Comum, à Patchamama. E tudo passando "despercebido" pelas autoridades locais, estaduais e federais de plantão. Um absurdo, sem dúvida nenhuma.

A rápida, mas profunda, visita a Ourém foi uma "Dádiva", como diz meu amigo-poeta Arlindo em uma de suas canções para o mundo:

"Quantos ainda não sabem
A dádiva de bem viver?
Quantos ainda hão de vir
Antes do alvorecer?
Continuar a sonhar
É fazer acontecer..."

Que Santa Maria nos ilumine e nos faça retornar em breve, aportando também pelas bandas do nordeste paraense nossa biblioteca comunitária BArca das Letras para contribuir para a formação de leitores nas comunidades da periferia e da zona rural de Ourém, como já combinado.

Clique na imagem abaixo e veja um pouco desta maravilhosa e mistica viagem. Os vídeos gravados em breve estarão no www.mochileirotuxaua.blogspot.com e no Canal Youtube NossaCasa http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura.

Para saber mais de Ourém acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=sRml_WcIxYM
http://www.youtube.com/watch?v=o4LbGd7wNdo&feature=related
http://www.overmundo.com.br/banco/oureana-de-alem-mar-ourem-terra-de-moura
(livro sobre Ourém)
Para ler a reportagem do Mestre Cardoso no Theatro da Paz acesse http://www.fabiocavalcante.com/midia.php


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rádia NossaCasa Amazônia Livre entrevista Escritores Paraenses


Jonas Banhos entrevista Evanildo Merces


Jonas Banhos entrevista Edi-Lamar D'Oliveira


Jonas Banhos entrevista João Kampos


Jonas Banhos entrevista Alonso Rocha Presidente da APL

terça-feira, 21 de setembro de 2010

BArca das Letras "encalha" na Praia da Caponga


A Comunidade da Praia da Caponga, localizada no município de Cascavel, fica a 55 km de Fortaleza, capital do Ceará. Tem uma praia de águas belas, mar azul, com muitas ondas, aonde crianças, adolescentes e jovens aproveitam o sol escaldante para praticar o surf.

Os pais e avôs dessa moçada, ganham a vida pescando, em sua grande maioria. E olha, vida de pescador é uma vida sofrida, dura, que exige muita força, coragem, fé e resistência. Algo que vai se adquirindo no dia a dia, ouvindo os conselhos dos mestres pescadores mais velhos, ainda na ativa, ou dos que já se aposentaram, de mãos calejadas e pele engilhada do sol e sal.

E este é o caso do Mestre Zé Casquilo, 31 anos de pesca no mar da Caponga. É rico em e-histórias do mar, que emocionam àqueles que têm paciência de sentar e ouvi-lo contar. Mas há também outr@s contadores de e-histórias na Comunidade, como o Mestre Ananias, que passou pela agricultura, pelo pequeno comércio (a famosa "budega"), que teve como "escola o cabo da enxada". E, ainda, a D. Valdenora, que por muitos anos alimentou os pescadores com seus quitutes(tapioquinhas, café), vivente da comunidade do Balbino, praia logo ao lado da Caponga, comunidades íntimamente interligadas por laços parentais. Tod@s são livros vivos, cuidadores da natureza e mantendores da cultura popular, que merecem todo nosso respeito e atenção.

Portanto meu amig@ leitor(@), chegue chegando e embarque comigo nessa mística viagem pela Cultura Viva da Caponga, tendo à polpa nossos guias-mestres e a amorosa companhia do grupo de jovens, liderad@s pela Suelen, que fazem a sua parte para transformar, esperançosamente, a Comunidade da Caponga num lugar melhor para viver. Afinal, a BArca das Letras, gentilmente acolhida, na noite de ontem na Pousada da Tia Delmira, tocada pelo meu amigo de infância, o surfista Mizinho e sua atenciosa esposa Telma, apenas começou a sua grande viagem pelo mundo encantado da leitura.


Em breve os vídeos gravados durante o Sarau Cultural na Comunidade estarão disponíveis no nosso Canal Youtube NossaCasa em http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura. Clique na imagem abaixo e veja o álbum de fotos produzidas, também, pela própria comunidade.

Boa leitura de mundo!!


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Programa NossaCasa Amazônia fala sobre corrupção no Amapá e Brasil

Olá galera de Macapá e do Brasil,

Hoje, quinta-feira (16/09) no Programa NossaCasa Amazônia, das 18h às 19h, na 105.9FM (Rádio Comunitária Novo Tempo - única que não é de nenhum dos polític@s do Amapá) vamos falar sobre a Operação Mãos Limpas e do projeto Ficha Limpa, que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal, ameçado pelos polític@s sujos de ter sua aplicação adiada só para as eleições de 2012.

Não podemos deixar que a corrupção seja banalizada no Amapá. Queremos ouvir sua opinião, sua voz, cidadão não-cooptado por essa organização criminosa/quadrilha de Excelências!!!

Ouça, ligue e participe pelo 3251 2470. Quem não tiver Rádio ou não morar na Zona Norte de Macapá, pode escutar o programa pela internet

http://www.novotempofm105.com/

É preciso ler o mundo ao nosso redor e agir para transformá-lo!!!

Aguardamos por você.

Jonas Banhos & Rita de Cácia
Comunicadores Populares Livres
Movimento NossaCasa de Cultura e Cidadania
www.nossacasaap.com.br
www.mochileirotuxaua.blogspot.com
www.jonasbanhosap.blogspot.com

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fotos das Comunidades Ribeirinhas do Amapá

Compartilho aí mais fotos da nossa mochilada cultural pelas comunidades ribeirinhas do Amapá. Vários Saraus, vivências, banhos de rio, contação de histórias, experiências de comunicação livre com a Rádia NossaCasa, incentivo a leitura por meio da nossa biblioteca comunitária BArca das Letras e da Arca das Letras (Governo Federal), exibição de mostras de cinema etc e tals... Acompanhe aí. Só dar um clique na imagem abaixo e boa viagem:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vídeos de nossas comunidades ribeirinhas no Youtube

Assista vários vídeos gravados nas próprias comunidades ribeirinhas do Amapá. Os temas são diversos: modo de vida tradicional, cultura popular, desafios de morar na floresta Amazônica, hitórias da vovó & do vovô, preservação ambiental, mudanças climáticas, ausência de políticas públicas básicas(escolas, ensino de qualidade, água tratada, esgoto, transporte público, telefone público, diversão além do futebol e do banho de rio; manifestações afroreligiosas; abusos a direitos humanos etc e tals).

Viaje com a gente!!! Acesse e aprenda mais sobre a Amazônia escondida:

http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura

Boa leitura de mundo!!!

domingo, 12 de setembro de 2010

Feira PanAmazônica do Livro - Belém/PA

Compartilho as fotos feitas durante a XIV Feira PanAmazônica do Livro, realizada em Belém/PA, de 27 de agosto a 5 de setembro de 2010. Abaixo tem um artigo relatando o que eu vi/vivi/ouvi/senti durante o evento.

Aproveito para agradecer a tod@s que me concederam entrevista na Rádia NossaCasa Amazônia Livre, possibilitando mais um enorme aprendizado. Também sou grato a tod@s que se deixaram fotografar pelas nossas humildes lentes (da ativista cultural Rita de Cácia e a minha).

É só clicar na imagem abaixo e boa leitura de mundo!!!

Festa do Divino Espírito Santo - Comunidade Mazagão Velho - Amapá

Compartilho com você as fotos feitas durante a Festividade do Divino Espírito Santo na Comunidade de Mazagão, município de Mazagão no Amapá. Como você pode ver, o Amapá tem uma forte cultura popular viva, feita pelos próprios moradores sem o apoio do Governo do Estado. E, sinceramente, acho que é isso que mantém a Festa linda e com uma energia toda especial que você pode sentir vendo as fotos. Clique na figura abaixo e boa leitura do mundo amazônico!!!

Fotos da Mochilada Cultural Viva

"Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, os olhos e o coração." Henri Cartier-Bresson (1908/2004)

É só clicar na imagem abaixo e boa leitura de mundo!!!

Fotos da Mochilada Cultural Viva

Uma pequena mostra da mochilada cultural pelo BrasilZão afora. Aí você curte as fotos tiradas nas comunidades ribeirinhas e tradicionais do Amapá, na NossaCasa de Cultura e Cidadania em Macapá, na Teia Fortaleza 2010, na Teia Amazônica 2010, Praça da República em Belém, Feira PanAmazônica do Livro 2010 em Belém, com galera do Boi Orube no Bairro Satélite em Belém, no Curso de Rádio Jornalismo Ambiental em Belém/PA, com a galera da Economia Solidária em São Sebastião/DF, durante os 50 anos de Brasília.
Fazendo e mostrando a Cultura Viva escondida pela Amazônia e pelo Brasil.
Boa leitura de mundo galera!!!

Fotos da Mochilada Cultural Viva

Compartilho muitos momentos especiais durante nossa mochilada cultural viva por diversas comunidades ribeirinhas/tradicionais da Amazônia amapaense; por praças, ruas e paradas de ônibus de Macapá; com a galera do Boi Orube do Bairro Satélite em Belém e em intervenções na Praça da República em Belém; na TEIA 2010 em Fortaleza/CE; pela nossa adorada Capital Federal (Brasília), pela Feira PanAmazônica do Livro 2010, realizada de 27/08 a 5/09/2010.

Bem, é só dar um clique aí na imagem do Palhaço Ribeirinho e boa leitura de mundo!!!

RÁDIA NOSSACASA NA XIV FEIRA PANAMAZÔNICA DOS LIVROS

Escritor Juraci Siqueira

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mestres da oralidade enchem de leveza Feira PanAmazônica do Livro


Particularmente, adoro percorrer Feiras de Livros. Sinto-me em casa. E, por isso mesmo, aproveito esses espaços para conhecer escritores, suas obras, e, também, tentar conseguir doações de livros para continuar meu trabalho de incentivo à leitura em nossas comunidades ribeirinhas da Amazônia (Amapá-Pará), por meio da montagem das nossas bibliotecas comunitárias BArca das Letras. Assim, sempre que posso, visito esses santuários literários, que, infelizmente, ainda são poucos no Brasil, sobretudo quando se fala da região Norte, da NossaCasa Amazônia.

E Belém é uma exceção à essa regra. Há 14 anos que a capital paraense realiza sua Feira PanAmazônica do Livro. De 27 de agosto a 5 de setembro aconteceu esse evento grandioso, num local construído e mantido com dinheiro público, imenso e confortável(Hangar Centro de Convenções). Notoriamente, a Feira está a serviço dos interesses econômicos dos gigantes do livro (Grandes Editoras e livrarias famosas), que comercializam, em locais estrategicamente bem posicionados, seus lançamentos a preços altos, aproveitando-se do grande número de visitantes, o que lhes rende, ao final, faturamentos milionários.

Os "pequenos" (mas de uma riqueza literária imensa), como os mais de duzentos escritores paraenses presentes (com mais de 1.500 obras publicadas), ficam na ilharga, em um canto da Feira, num estande apertadinho, denominado Luis Carlos França, homenagem póstuma ao contista. Mal acomodados (nem cadeiras para tod@s que se rodiziam durante todo o evento tem), buscam de todas as maneiras um lugar ao sol escaldante de Belém. E, com muito esforço, criatividade e muita poesia (por meio de eventuais saraus literários, exposições fotográficas e de artesanatos, Rádia NossaCasa Amazônia Livre ao vivo) tentam sobreviver e aparecer nessa guerra de gigantes da literatura. Na mesma pisada, o estande do Museu Paraense Emílio Goeldi com sua rica literatura voltada ao conhecimento produzido em pesquisas feitas em nossas comunidades ribeirinhas/tradicionais, falando de nossa gente, seus modos de vida, fauna e flora.


Sempre há um homenageado na Feira Panamazônica do Livro. Este ano, a mama África com seus países que falam a língua portuguesa, foi reverenciada durante os dez dias de estímulo à leitura. Um stand africano foi montado bem ao centro da Feira, aonde podia-se encontrar alguns títulos de escritores do continente irmão, disponíveis apenas para consulta no local.

E foi nesse clima afro que avistei, em uma passarela que cortava a Feira por cima, como uma grande ponte (sobre um rio de livros) a (inter)ligar, a unir, dois mundos diferentes(duas formas de fazer/vivenciar cultura), um pequeno cortejo com quatro mestres da diversa cultura popular brasileira à frente, cantando, suavemente, nossos ritmos afroameríndios amazônicos (carimbós, toadas, folias e cantos indígenas), como se tivessem borrifando em cima daquela multidão um pouco de mística, espiritualidade, sabedoria e, porque não dizer, humanidade. Ou seja, uma outra leitura de mundo, freirianamente falando, afinal, como nos ensina o escritor Frei Betto "há um processo sistemático de pasteurização da cultura, travestida de entretenimento centrado no consumismo, de hegemonização do pensamento, por meio da disseminação midiática de paradigmas comuns e do consumo padronizado, de modo a negar o pluriculturalismo, o direito à autonomia dos povos originários, a diversidade religiosa, os movimentos sociais emancipatórios, a cultura como processo crítico de leitura e transformação da realidade."

Os protagonistas dessa história, daquele momento mágico, eram o indígena Paulinho Wai Wai (Terra Indígena Mapuera/PA) e os griôs-Mestres Chico Malta, de Alter-do-Chão (Movimento Roda de Carimbó - Ponto de Cultura da OCA - Santarém/PA), Mestre Zé do Boi (Boi Bumbá Flor do Campo - Pontão de Cultura GAM - Marabá/PA) e Mestre Zé da Viola (Folia de Reis - Ponto de Cultura A Bruxa Tá Solta - Rorainópolis/RR), reconhecidos em suas comunidades, pelo Pontão Ação Griô Regional Amazônia e pelo Ministério da Cultura. Foram à Feira PanAmazônica para compartilhar seus saberes, fazeres, sua oralidade, com a galera da Cultura Digital, uns "meninos" mágicos da cidade de Santarém(Coletivo Puraqué), e dessa roda de conversa tentar construir uma convergência, entre os dois saberes, de forma que dessa união, se possa encontrar um caminho que des-esconda para o Brasil e o mundo (por meio de sites, blogs, audio-livro, CD's, vídeos) esse rico material literário vivo, demasiado humano, uma vez que nossos mestres-griôs são bibliotecas vivas e, como apregoava o mestre do Teatro do Oprimido, Augusto Boal, a "Arte não é adorno, Palavra não é absoluta, Som não é ruído, e as Imagens falam, convencem e dominam. A esses três Poderes-Cidadãos não podemos renunciar, sob pena de renunciarmos à nossa condição humana."

Que bom que um outro mundo é possível, que uma outra leitura de mundo está sendo pensada, praticada, vivenciada e estimulada nos rincões do norte do Brasil. Que venha a XV Feira PanAmazônica do Livro, com um novo olhar, um novo pensar, uma nova prática, verdadeiramente democrática e popular. E que se cumpra, na próxima Festa da Literatura Amazônica, o dizer do escritor popular, lá das ribeirinhas do Afuá(Cajary), Juraci Siqueira, que fez chover trovas e poemas: "mais importante do que vender o livro é o encontro, circular, trocar figurinha, ver o trabalho d@ outr@, e estar próximo d@ leit@r."

Nota 1: Fiquei muito triste em presenciar, na penúltima noite da Feira PanAmazônico do Livro, o encurralamento, logo na entrada do Hangar Centro de Convenções, de alguns grupos mantenedores da cultura popular paraense, os quais haviam sido convidados para fazer um Cortejo, que acabou não acontecendo. Lá estavam com toda sua alegria e energia os Grupos de Capoeira Regional Caiçara e União Capoeira; Boi Caprichoso; Grupo Cultural Pará Nativo; Escola de Samba Deixa Falar; Companhia Etnias da Dança; e o Ponto de Cultura Piratas do Amanhã (da Escola de Samba Piratas da Batucada. Lamentável...

Nota 2: Visite o espaço digital do Mestre Chico Malta e veja seus vídeos-clip, baixe as músicas e cifras do CD Nas Entranhas da Selva http://puraque.org.br/estudiolivre/?p=121.

Nota 3: Em breve, todos os vídeos gravados durante a Feira PanAmazônica do Livro estarão no nosso Canal Youtube NossaCasa http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura

por Jonas Banhos
Mochileiro Tuxaua Cultura Viva
www.jonasbanhosap.blogspot.com
www.mochileirotuxaua.blogspot.com

A Rádia Nossa Casa na XIV Feira Panamazônica do Livro em Belém do Pará

Príncipe dos Poetas e Presidente da APL o Mestre Alonso Rocha
















quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Publicado o resultado do Microprojetos Amazônia Legal

Galera,

Agora é pra valer!!! Publicado no Diário Oficial o resultado do Microprojetos Amazônia Legal. Vejam aí e mãos à obra:

http://mais.cultura.gov.br/files/2010/09/resultados_amazonialegal-amapa.pdf


Parabéns a tod@s da Amazônia Legal!!!

Jonas Banhos
www.mochieleirotuxaua.blogspot.com

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Resultado do Microprojetos Amazônia Legal sai nesta quinta-feira (09/09)


Segundo twittada do Mais Cultura, abaixo, resultado dos selecionados para o Microprojetos Amazônia Legal sai amanhã, quinta-feira. Foram mais de 900 iniciativas selecionadas, sendo 36 do Acre, 15 do Amapá, 91 do Amazonas, 198 do Maranhão, 166 do Mato Grosso, 175 do Pará, 59 de Rondônia, 29 de Roraima e 159 do Tocantins.

Veja a notícia que foi divulgada à pouco no TWITTER:@maiscultura ATENÇÃO: selecionados pelo edital Microprojetos Mais Cultura para Amazônia Legal serão divulgados nesta quinta-feira, 9/9, no DOU.

Então galera, agora é ver pra crer amanhã no www.cultura.gov.br, www.funarte.gov.br, no http://mais.cultura.gov.br. Assim que eu tiver acesso à listagem, divulgo aqui também, afinal, ajudei a articular 11 projetos do Amapá. É o Mochileiro Tuxaua em ação, mesmo sem a liberação do prêmio, já que o trabalho nas comunidades não pode parar!!!

Vídeos da Rádia NossaCasa Amazônia Livre no Youtube


Já estão disponíveis vários vídeos da Rádi@ NossaCas@ Amazôni@ Livre. São vídeos-reportagens feitos nas e com as comunidades ribeirinhas e tradicionais da Amazônia, dentro da floresta ou em eventos culturais Brasil afora. Veja, escute e leia o mundo amazônico, a partir da visão dos próprios moradores e viventes das nossas comunidades e de fazedores da Cultura Viva Popular (escritores, ativistas, poetas, músicos, mantenedores da cultura popular etc). Tá tudo junto e misturado no Canal Youtube da NossaCasa de Cultura:

http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura

Boa Leitura!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Veja álbuns de fotos no webpicassa

Veja muitas fotos da mochilada cultural popular pelo Brasil afora em:

http://picasaweb.google.com/jonasbanhosAP/JonasBanhosMochileiroDoVoluntariadoEDoAmorEMochileiroTuxauaCulturaViva?authkey=Gv1sRgCOue4ePOweegCQ#

A pobreza da democracia brasileira


Não posso deixar de compartilhar este belo texto de Leonardo Boff sobre a pobreza de nosso democracia. É preciso estar atento e forte, ler e ser crítico.

Boa leitura!!!

A pobreza da democracia brasileira

Tempos de campanha eleitoral oferecem ocasião para fazermos reflexões críticas sobre o tipo de democracia que predomina entre nós. É prova de democracia o fato de que mais de cem milhões tenham que ir às urnas para escolher seus candidatos. Mas isso ainda não diz nada acerca da qualidade de nossa democracia. Ela é de uma pobreza espantosa ou, numa linguagem mais suave, é uma “democracia de baixa intensidade” na expressão do sociólogo português Boaventura de Souza Santos. Por que é pobre? Valho-lhe das palavras de uma cabeça brilhante que, por sua vasta obra, mereceria ser mais ouvida, Pedro Demo, de Brasília. Em sua Introdução à sociologia (2002) diz enfaticamente : "Nossa democracia é encenação nacional de hipocrisia refinada, repleta de leis “bonitas”, mas feitas sempre, em última instância, pela elite dominante para que a ela sirva do começo até o fim. Político é gente que se caracteriza por ganhar bem, trabalhar pouco, fazer negociatas, empregar parentes e apaniquados, enriquecer-se às custas dos cofres públicos e entrar no mercado por cima…Se ligássemos democracia com justiça social, nossa democracia seria sua própria negação”(p.330.333).

Essa descrição não é caricata, salvo as poucas exceções. É o que se constata dia a dia e pode ser visto pela TV e lido nos jornais: escândalos da depredação do bem público com cifras que sobem aos milhões e milhões. A impunidade grassa porque crime é coisa de pobre; o assalto criminoso aos recursos públicos é esperteza e “privilégio” de quem chegou lá, à fonte do poder. Entende-se porque, em contexto capitalista como o nosso, a democracia primeiro atende os que estão na opulência ou têm capacidade de pressão e somente depois pensa na população atendida com políticas pobres. Os corruptos acabaram por corromper também muitos do povo. Bem observou Capistrano de Abreu em carta de 1924: "Nenhum método de governo pode servir, tratando-se de povo tão visceralmente corrupto com o nosso”.
Na nossa democracia, o povo não se sente representado nos eleitos; depois de uns meses nem mais sabe em quem votou. Por isso não está habituado a acompanhá-lo e a fazer-lhe cobranças. Ao lado da pobreza material é condenado à pobreza política, mantida pelas elites. Pobreza política é o pobre não saber as razões de sua pobreza, é acreditar que os problemas dos pobres podem ser resolvidos sem os pobres, só pelo assistencialismo estatal ou pelo clientelismo populista. Com isso, se aborta o potencial mobilizador do povo organizado que pode exigir mudanças, temidas pela classe política, e reclamar políticas públicas que atendam a suas demandas e direitos.

Mas sejamos justos. Depois das ditaduras militares, surgiram em toda América Latina democracias de cunho social e popular que vieram de baixo e por isso fazem políticas para os de baixo, elevando seu nível. A macroeconomia capitalista segue mas tem que negociar. A rede de movimentos sociais, especialmente o MST, colocam o Estado sob pressão e sob controle, dando sinais de que a democracia pode melhorar.

Vejo dois pontos básicos a serem conquistados: primeiro, a proposta de Boaventura de Souza Santos que é de forjar uma “democracia sem fim”, em todos os campos, especialmente na economia, pois aqui se instalou a ditadura dos patrões. Ela é mais que delegatícia, é um movimento aberto de participação, a mais ampla possível.
O segundo, é uma ideia que defendo há anos: a democracia não pode ser antropocêntrica, só pensando nos humanos como se vivêssemos nas nuvens e sozinhos, sem nos darmos conta de que comemos, bebemos, respiramos e estamos mergulhados na natureza da qual dependemos. Então, importa articular os dois contratos, o social com o natural; incluir a natureza, as águas as florestas, os solos, os animais como novos cidadãos que têm direitos de existir conosco, especialmente os direitos da Mãe Terra. Trata-se então de uma democracia sócio-cósmica, na qual os seres humanos convivem com os demais seres, incluindo-os e não lhes fazendo mal. O PT do Acre nos mostrou que isso é possível ao articular cidadania com florestania, quer dizer, a floresta respeitada e incluída no bem viver dos povos da floresta.
Utopia? Sim, no seu melhor sentido, mostrando o rumo para onde devemos caminhar daqui para frente, dadas as mudanças ocorridas no planeta e no encontro inevitável dos povos.

Leonardo Boff é autor de A nova era: a civilização planetária, 2003.
fonte: www.leonardoboff.com

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poesia engajada traz luz, paz e alegria para a Praça da República


Poetas, poetisas, artistas de Belém e do interior do Estado e até de outros Estados encontraram-se nessa bonita e ensolarada manhã de domingo (05/09), na Praça da República em Belém do Pará, para vivenciar um Sarau Matinal Cultural. O mote para o evento, foi o concorrido lançamento do livro Candeeiro do Tempo - Poemas, do escritor, jornalista e ativista Pedro César Batista.

O autor resgata trinta anos de poesias, numa coletânea comprometida com a luta do povo por terra, dignidade, resistência contra a ditadura, o reflorescer da liberdade até chegar à primeira década do século XXI. Para ele, "Candeeiro do Tempo é resistência em defesa da vida, da fraternidade, da solidariedade, da luta engajada e apaixonada pela vida, que busca iluminar as almas e os corações, os olhares, as pessoas para que sejam mais fraternas, mais justas e mais humanas."

O evento, realizado no Bar do Parque, conseguiu atrair a atenção dos que vivem na Praça da República, dos que lá trabalham e dos que por lá passeavam. Além dos escritores e poetas (alguns também trouxeram seus livros para expor e vender), várias pessoas tomaram coragem e assumiram o microfone da Rádia NossaCasa Amazônia, que cobria ao vivo o evento, e recitaram poesias, compartilharam suas histórias de vida e luta, o que iluminou ainda mais o Sarau, deixando no ar e embaixo das frondosas magueiras ao lado do Teatro da Paz, muita alegria e esperança, afinal:

Viver é sonhar
Semear a luz do novo tempo,
onde se possa sempre colher alegria.
(trecho do poema Luz da Vida de Candeeiro do Tempo)

Em breve, as fotos estão disponíveis em
http://picasaweb.google.com/home?hl=pt-br&tab=pq e os vídeos no Canal Youtube da NossaCasa http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura.

por Jonas Banhos
Mochileiro Tuxaua Cultura Viva

sábado, 4 de setembro de 2010

Agenda da Mochilada Cultura pelo BrasilzÃO!!!


Caminhando pelas comunidades do Pará - até 6 setembro

Caminhando pelas comunidades Ceará - de 7 a 22 de setembro

Caminhando pelas comunidades do Pará (Ourém) - 23 a 27 de setembro

Caminhando pelas comunidades de Brasília - de 28 de setembro a 7 de outubro

Caminhando pelas comunidades do Amapá - de 12 a 17 de outubro

Caminhando pelas comunidades do Pará (Santarém) - final de novembro
Fórum Social PanAmazônico

Caminhando pelas comunidade de Roraima - aguardando Edgar Borges mandar cronograma

Festa do Divino Espírito Santo transborda alegria e espiritualidade


Aconteceu de 16 a 24 de agosto a Festa do Divino Espírito Santo em Mazagão Velho, no município de Mazagão, no Estado do Amapá. Graças à garra e luta das mestras D. Joaquina Barriga (88 anos), D. Odacina(93 anos), D. Ana Aires(já falecida) e D. Olga, a festa que veio com os antepassados africanos foi resgatada e vem se mantendo viva, já passando para as novas gerações, que participam ativamente da Festa, ocupando a importante função de festeiras (Imperatriz, Paga Fogaça, Trinchante, Pega na Capa, Varas Douradas e Alferes Bandeira), exercidas por crianças e adolescentes, o que assegura a continuidade da cultura popular.


Tradicionalmente, a Festa é organizada pelas mulheres, que arrecadam donativos, fazem a refeição para os foliões, rezam ladainhas em latim, cantam e dançam o Marabaixo. É o caso da Mestra D. Joaquina Jacarandá, a Puxadora de Folias, e da D. Carmosina, que há 20 anos participa da Comissão da Festa, exercendo a função de mantenedora, responsável por cuidar do Santo. Mas, os homens também participam, assegurando a batida forte e ritmada das caixas de Marabaixo e o tremular apoteótico da bandeira do Divino Espírito Santo. Um deles, é o jovem Caixeiro José Magno Reis, para quem "a festa é muito importante, pois expandi a tradição local para além da tradicional Festa de São Tiago, realizada no mês de julho, o que valoriza ainda mais a Comunidade de Mazagão Velho, berço da cultura do Estado do Amapá."


A Festa chegou ao fim com muita gengibirra (bebida típica das festas afroamapaenses, feita com abacaxi, gengibre e cachaça) e Marabaixo, com o povo caminhando e cantando pelas ruas, ocupando pátios, varandas e salas das casas dos moradores da Comunidade de Mazagão Velho, deixando um rastro de alegria e espiritualidade por toda a Comunidade, que tem mais de 239 anos de história e tradição popular.

Quem quiser mergulhar nas imagens da Festa é só visitar
http://picasaweb.google.com/jonasbanhosAP/FestaDoDivinoEspiritoSantoComunidadeMazagaoVelhoAmapa

Por Jonas Banhos - Mochileiro Tuxaua Cultura Viva - Do Oiapoque ao Chuí

Comunidade de Mazagão Velho(AP) festeja Nossa Senhora da Luz

Acontece de 1º a 8 de setembro a festividade em louvor à Nossa Senhora da Luz, na Comunidade de Mazagão Velho, município de Mazagão, no Amapá. Durante uma semana, a Comunidade festeja a Santa por meio de várias atividades, numa perfeita harmonia entre o religioso e o profano. São Alvoradas Festivas, Transladação da Imagem para a residência dos festeiros e Juízes, novenas, procissão, levantamento e derrubação do mastro, coleta de donativos com acompanhamento de folia, baile dançante, leilões e muito batuque pelas ruas da Comunidade.

As famílias Nunes e Alves foram escolhidas como as festeiras da Festa de Nossa Senhora da Luz de 2010, ficando com a importante missão de manter viva mais uma tradição popular, herdada de seus antepassados africanos. E assim, contribuir para a preservação da rica história da cultura popular da Comunidade de Mazagão Velho.

Folia de Nossa Senhora

Glória Ineceis! Deo!
Santo nome de Maria
Se Deus não viesse ao mundo
Ai de nós! O que seria?

Oh! Que dia tão alegre
Não há outro sem segundo
Nossa Senhora da Luz
Alegrando todo mundo

Que santinha é aquela
Toda coberta de com véu?
É a Nossa Senhora da Luz
Nossa Mãe lá no Céu

por Jonas Banhos
Mochileiro Tuxaua Cultura Viva
www.mochileirotuxaua.blogspot.com
www.jonasbanhosap.blogspot.com

Resultado do Microprojetos Amazônia Legal - Mais Cultura

Troquei idéia com a galera da COmunicação do Minc sobre a publicação do resultado do Microprojetos Amazônia Legal. Deve ser publicado nesta segunda-feira, 06/09. Segundo informaram, ocorreram "problemas com os arquivos enviados pela Funarte ao Diário Oficial da União. A lista dos projetos selecionados deve sair até segunda no DOU. Assim que publicada, vamos disponibilizar no site do Mais Cultura e do Ministério."

Aguardemos esperançosos então!!!

Entrevista do Palhaço Ribeirinho na Feira PanAmazônica do Livro em Belém

Compartilho entrevista à Rádio Tucupi, durante a Feira PanAmazônica do Livro, em Belém/PA. Falo sobre a (falta) de democratização do acesso ao livro às nossas comunidades ribeirinhas, cuidadoras da Amazônia, e de nossas bibliotecas comunitárias BArca das Letras, como alternativa simples de incentivar a leitura:

http://culturadigital.br/resistencia/2010/09/01/entrevista-jonas-banhos-ativista-do-amapa-e-palhaco-ribeirinho/

Boa leitura!!!

Corpo Santo inunda de beleza e afroespiritualidade ruas e praça de Belém


Corpo Santo inunda de beleza e afroespiritualidade ruas e praça de Belém
por Jonas Banhos

Como diz o poeta, todo artista tem que ir aonde o povo está. E foi exatamente isso que fez, na noite de ontem(03/09), a Companhia de Teatro Madalenas, que trouxe para a abandonada e maltratada Praça dos Estivadores, em Bélém, o espetáculo Corpo Santo, premiado pela Fundação Nacional de Artes - Funarte. A peça, concebida inicialmente para um espaço convencional, foi montada em um palco na calçada do Sindicato dos Auditores Fiscais - SINDIFISCO, que vem promovendo vários eventos culturais populares, numa saudável tentativa de ocupar a rua e a praça com arte e cultura.

Logo na abertura da noite cultural, os integrantes do Projeto Boi Orube (Ponto de Cultura Arraial do Saber), do Bairro Satélite, brindaram o público com um belo espetáculo de afrodança contemporânea, resultado de Oficina ministrada pela Professora Rose . E dessa forma, a Praça dos Estivadores, começava a ser transformada em um grande Teatro ao ar livre, atraindo a atenção de seus ocupantes habituais (moradores de rua), dos que por ali passavam e dos que vieram prestigiar o evento.

Para o Diretor da peça, Leonel Ferreira, foi "uma experiência fora do comum , pois vir para rua foi aproximar mais o espetáculo das pessoas. O artista fica sujeito ao cachorro que late, aos carros que passam, às pessoas que possam entrar na cena a qualquer momento. E pegar as pessoas de surpresa que estão passando e que páram para ver o que está acontecendo ali, isso é maravilhoso!" Foram onze meses de pesquisa e ensaio, sendo o primeiro monólogo da Cia, que fala dos sincretismos religiosos Afro-Ameríndios fortemente ligados a São Jorge e Ogum e a manifestações que se dão na Amazônia (umbanda, candoblé, tambor de mina), agregando a isso a Capoeira de Angola, Cantos Afros (cantarolados ao vivo, das janelas do casarão centenário) e um texto que fala do homem-herói-comum, chamado de Jorge, lutador de nossos mais profundos dragões. Coube ao jovem e talentoso ator Rodrigo Braga a interpretação orgânica- lúdico-poética de Jorge, para quem "apresentar o espetáculo na rua foi muito prazeroso, permitindo reinventar o meu fazer teatral. E, mais, perceber de que forma a rua transforma o espetáculo, redescobrindo novas estéticas."

O belo público que prestigiou o evento, sentado no meio da rua e espalhado pela Praça dos Estivadores, aprovou a proposta de re-ocupação da rua e praça histórica da cidade de Belém. Para o poeta e escritor Pedro César Batista, "estão de parabéns tanto as Madalenas quanto o SINDIFISCO, pois essa experiência significa a libertação da arte e a oportunidade do povo ter acesso à cultura, num espaço que merece ser cuidado."

Ogum iê! Saravá meu pai!

Em breve, vídeos e fotos aqui no blog e no Canal da NossaCasa no Youtube: http://www.youtube.com/user/NossaCasadeCultura

por Jonas Banhos (Rádi@ NossaCas@ Amazoni@ Livre)
Mochileiro Tuxaua Cultura Viva - Do Oiapoque ao Chuí